quarta-feira, janeiro 28, 2009

Londres, carros, futuro: 20 horas de trabalho por semana

Em Londres tive a oportunidade de ver carros que sabia que existem e que nem sonhava ver em vida, ou carros que nem sonhava que existiam. As marcas mais caras de carros foram passando por mim, ao longo dos dias.

Uma limusina branca enorme com vidros duplos passando à minha frente, um Lamborghini amarelo ao fundo da rua, um Lotus acelerado e outro com dificuldade de passar entre um camião estacionado e uma parede há mínimos metros de distância, um Aston Martin parado para os pedestres passarem, um Ferrari estacionado e um Porsche com a capota fechada pelo frio, e carros cujas marcas não conhecia, não conheço e/ou nem reconheci…

Carros de todos os tipos e gostos que fazem pobres coitados de um Lexus, um Mercedes ou um BMW. Mas, não deixam de ser carros. Motor de qualidade, bancos ergonómicos, bons mecanismos de segurança fazem os carros serem carros. Mais que isso é um mero luxo, uma mera necessidade de mantermos um estilo de vida capitalista.

Com as máquinas que existem, ao invés de criarmos luxos para nos exibirmos e provarmos o nosso status, teremos instrumentos que diminuíram as nossas horas de trabalho, mas não reduzirão os empregos.

Imagine-se num futuro aonde só trabalharemos 20 horas por semana, o mínimo e necessário, não para subsistir, não porque o salário é excelente para todos, mas porque o sistema capitalista faliu a tal ponto que percebemos que trabalhar é adoração, é um prazer que se faz por gosto, e uma necessidade para manter a humanidade funcionando.

É para isso que deveríamos trabalhar: não para viver, mas porque é um serviço que fazemos à coletividade, a todos. É um serviço que prestamos, não um esforço que fazemos para ter dinheiro, para o poder gastar em dívidas que foram criadas para termos os excessos e não os necessários.

Pensemos nisso: o que irá acontecer ao dinheiro?
Viveremos num mundo aonde o dinheiro existirá ou deixará de existir? Será que chegaremos ao ponto no qual não nos comparamos através dos carros que temos, mas pelas pessoas que somos? Será que viverei para ver esse dia chegar? Será?

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segunda-feira, janeiro 26, 2009

Tempo: o dom mais precioso

Se há uma coisa imparável, é o fluxo do tempo: o rio do tempo flui sem parar e, façamos o que fizermos, a cada quinze minutos o Big Ben de nossas vidas irá soar. Não há nada a fazer! Vivemos, crescemos, envelhecemos. Esse é o processo.

Cosméticos e cirurgias só irão mascarar a realidade do tempo. Cuidados com a saúde irão permitir melhor aproveitamento do tempo, mas o tempo irá passar e nenhuma força da natureza o poderá impedir.

Quando passei pelo Museu Britânico, em Londres, notei que tinha, há pouco tempo, inaugurado uma nova sala de exposição dedicada a relógios de diversas formas e aspectos (um deles é o da imagem ao lado).

É impressionante como, desde os nossos primórdios enquanto espécie, preocupamo-nos com a gestão do tempo. No entanto, enquanto pessoas comuns, esquecemo-nos de coordenar as coisas e dizemos sempre que estamos “com falta de tempo”!

Mas o tempo não escasseia, nos é que o vamos perdendo.

Perdemos um ano, porque reprovámos na escola.
Sofremos um mês, porque o nosso filho nasce prematuramente.
Corremos uma semana, porque somos editores de um semanário.
Contamos os minutos da hora, porque iremos encontrar o amor de nossas vidas.
Amaldiçoamos o minuto, porque perdemos o transporte público.
Seguimos vivos, estupefactos com o segundo que nos salvou do acidente.
Abençoamos o milisegundo que deu a vitória naquela maratona.

Façamos o que fizermos, não há tempo a perder, nem lugar para vacilações. A vida vai passando, o tempo correndo, a existência fluindo. Bem-aventurados aqueles, dentre nós, que utilizam o passado, para agir no presente criando um futuro com sentido.

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Restaurante chamado Tradição
Aviões são provas da existência da alma
Rumi - Divan Shamsi Tabrizi
Omar Khayyám - Rubáiyat (XXVIII)
Rumi - "Estas preces e guerras santas e jejuns"

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sábado, janeiro 24, 2009

Restaurante chamado Tradição

No outro dia fui a um restaurante ao qual, dias depois, uma amiga o intitulou de restaurante, típico, conservador e tradicional. E hoje, ainda não sei como é que termos como “conservador” e “tradicional” podem ser aplicados com tom político a um restaurante!

Mas a verdade é que o restaurante iraniano (diferente de persa) tinha uma das instalações sanitárias mais sujas que eu havia visto em toda a minha vida num estabelecimento do género. Faltava papel higiénico e sabonete, a pia estava imunda e o chão tinha água e mais água (espero que tenha sido água)! E, um funcionário lá se encontrava: um jovem, não muito mais velho que eu, de luvas, sobre os joelhos, tentando limpar parte da imundície de um dos vasos sanitários. Ao trocar algumas palavras com ele, compreendi que o seu persa não era o persa típico de um iraniano. Perguntando-lhe de onde era, respondeu, sorrindo, como que feliz por finalmente alguém trocar dois dedos de conversa com ele, que era afegão.

Aí, então, compreendi o “conservador” e “tradicional”. É comum, no Irã de hoje, que os imigrantes afegãos sejam tratados como subhumanos, sem muitos direitos e com muitos deveres. Aliás, foi também pela defesa das crianças afegãs e dos seus direitos básicos que Shirin Ebadi ganhou o seu Nobel da Paz.

Então, penso, se ser conservador é determinar a função de uma pessoa com base na sua origem étnica e nacional, quero distância dessa ideologia! Acho que já é tempo de ultrapassarmos essas barreiras e nos vermos a todos como irmãos humanos, cada um podendo desempenhar as suas funções (claro), mas com condições mínimas de dignidade e não de joelhos sobre as fezes de outro que se considera tão superior que nem a descarga puxa…

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Aviões são provas da existência da alma
Faz como eu escrevo, mas não faças o que eu faço...
O Direito a ser bem atendido
Para quando a lua cheia?

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quinta-feira, janeiro 22, 2009

Aviões são provas da existência da alma

Toda vez que vou viajar de avião fico maravilhado com a capacidade humana. Digam o que disserem o avião é a prova viva de que o ser humano não é apenas um animal: temos uma alma, alma racional!

Nós somos dotados de consciência, volição, ideação, reflexão consciente e inteligência coisas que o reino animal não possui. Ora, como é que podemos pertencer a um grupo se possuímos coisas que não existem nele?

Há alguns dias estive ausente, tendo a oportunidade de viajar para Londres num voo de duas horas e meia e não pude deixar de pensar que essa era a maior prova da existência da nossa alma.

Como animais deveríamos estar vivendo sobre a terra, andar sobre ela e nela sentar, mas a nossa alma é capaz de escapar das regras da natureza e de suplantar a todos os animais da terra. Somos, tanto quanto sei, a única espécie capaz de criar civilizações que fogem dessas leis naturais. Criamos os barcos e andamos sobre o mar. Criamos submarinos e mergulhamos nas profundidades do oceano. Construimos aviões e voamos pelos céus. E não somos nem anfíbios, nem peixes, nem aves.

Somos iguais aos animais nas nossas capacidades físicas. Aliás, os animais até, por vezes, são bem mais evoluidos que nós na visão ou na audição, por exemplo. Mas o poder do nosso espírito é incomparável, podendo desvendar todos os mistérios do universo.

Através do poder da alma, diz 'Abdu'l-Bahá, podemos “apreende[r] as idéias universais e traz a lume os segredos da criação”, bem como as “idéias abstratas e universais”.

Ele diz mais:
A mente é o poder do espírito humano. O espírito é o foco; a mente é a luz que dele irradia. O espírito humano é a árvore e a mente o fruto. A mente é a perfeição do espírito, é sua qualidade essencial, assim como os raios solares são uma necessidade essencial do sol.

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