No dia que a NBC anuncia novos episódios onlines da série, escrevo um pouco sobre ela...Heroes é daquelas séries que nos trazem pessoas iguais a todos nós, em desejos, sonhos e aspirações, mas que são dotadas de um talento especial.
Heroes traz-nos questões como o medo de se tornar objeto público e rato de laboratório como no caso de
Dark Angel, ou de se tornar vítima de perseguições sociais como
X-Men.
Heroes tem as típicas sociedades secretas de
X-Files e
Dark Skies controlando os destinos da humanidade.
É a ficção-científica no seu melhor, aonde a ciência é mesclada com a ficção de uma forma tão aprimorada que chega a ser estonteante. Aliás, raras vezes a ciência se tornou o mote principal de uma ficção, como neste caso. Segundo explica Dr. Suresh, de tempos em tempos, as espécies vão evoluindo e genes vão-se transformando. Neste caso, ao invés de termos uma genética que nos distingue na pigmentação da pele, do cabelo ou na cor do olho, a genética nos permite criarmos ilusões de ótica, voarmos, ultrapassarmos objetos físicos, não nos limitarmos às barreiras do espaço e do tempo, lermos a mente dos demais, levar à perda de determinadas memórias, regenerarmos de nossas doenças e feridas, curarmos os demais, tornarmo-nos invisíveis e, mesmo, prever o futuro.
Poucos reparam neste detalhe, mas o personagem principal não é Peter Petrelli, o enfermeiro que tem que salvar o mundo, através da sua ilimitada capacidade de absorção empática de poderes, nem Sylar o louco aí da foto que quer dominar o mundo, roubando (sabe-se lá como) os dons e talentos desta nova raça de homens.
Hiro Nakamura poderia ser uma boa aposta! Sim, quem conhece a série por vezes nem gosta dele, pois retira um certo grau de seriedade e nos faz rirmos da sua ingenuidade apesar de ser filho do magnata e descendente de um Japão iluminado e tecnocrata. Hiro, viajando do futuro ao presente, do presente ao futuro, e do presente ao passado é o primeiro que nos faz entender que o destino não está traçado, que não há tal coisa como futuro determinado e determinístico. Nenhum de nós é uma pintura de um quadro já pintado por alguma figura superior a nós.
O que a personagem de Isaac Mendez, para mim o principal de todos, nos traz (na primeira temporada) é a reflexão verdadeira sobre o sentido e propósito de nossas vidas, tantas vezes mencionado ao longo da série. Trata-se de um pintor que consegue, como um oráculo, prever o futuro. E, nunca falhou! O interessante é que o que ele prevê acontece sempre, mas, muitas vezes, com ligeira variação. Ele prevê o que irá acontecer antes de alguém voltar atrás e alterar a história e chega mesmo a prever a nova versão da história; mas, mais interessante ainda é que ele prevê uma imagem fixa: não prevê o que acontece antes ou depois daquela imagem. E é isso que nos faz sermos humanos, termos o nosso livre arbítrio, a liberdade de, como diria Frankl, decidirmos o que ser e o que fazer no momento seguinte! A responsabilidade, aquele apêndice esquecido da liberdade!
Se não fosse Mendez não surgiria o debate entre profecia, destino e liberdade. Graças a este simples personagem, jovens admiradores da série, por todo o mundo, podem pensar: será que eu sou fruto de algum destino pré-estabelecido ou sou eu que tomo as minhas decisões? Vezes e vezes sem conta, os vários personagens da série viram-se confrontados com o destino voraz que lhes estava previsto, mas, por decisão pessoal, mostraram-se capazes de contornar o destino da mesma forma que um navio impelido pela força do vento é capaz de se dirigir para onde quiser, ainda que o vento o impila noutra direção.
Este foi um dos meus maiores prazeres ao ver Heroes: pensar no papel do destino na minha Vida e refletir no papel que a minha vida representa no Destino!
Vale a pena!
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