terça-feira, janeiro 29, 2008

Nem tudo em Feníxia é perfeito

Um conto que irei utilizar nas formações que darei em gestão de equipas!


Em Feníxia há uma fábrica de pneus, onde o Sr. Eternum, há quinze anos trabalha com colegas de cabelo verde, vermelho, azul e outras cores (alguns até têm cabelo de duas cores).

Durante este período, vários funcionários de cabelos de coloração diferente participavam em atividades diversas nos vários departamentos da indústria, cujo trabalho se complementava. Havia encontros mensais e trimestrais entre os vários departamentos para consultar sobre os progressos da produção e das vendas e, durante estes anos, o Sr. Eternum notava que as produções não aumentavam e havia até compradores que deixavam de regressar. Sempre pensou que a Administração Central bem que poderia dar umas dicas de o que é que o pessoal departamental deveria fazer para melhorar o rendimento, mas a Administração parecia confiar demasiado nos funcionários e deixava-os tomar eles mesmos as suas decisões.

Entretanto, um fênix – ao qual chamaremos o Sr. Miacho – de cabelo verde, transfere-se do departamento aonde o Sr. Eternum, de cabelo preto azulado, trabalhava para outro departamento adjacente, com a própria ajuda do seu amigo Eternum.

Certa vez, dois departamentos adjacentes (o do Sr. Eternum e o do Sr. Miacho) decidem ter algumas festas conjuntas, mas, no dia certo e na hora combinada por todos, ninguém aparece na festa na casa Sr. Eternum. Eternum telefona a Miacho, e Miacho não lhe atende o telefone. Eternum acha estranho, preocupa-se até, e pensa: será que eles estão a fazer a festa noutro lado e convenceram o meu amigo a não vir aqui? Quão não foi a sua surpresa quando percebe que a festa ocorreu, ninguém se esqueceu e ela foi, aonde? Justamente na casa de Miacho!

Eternum não entende, indignado tenta falar com o amigo, mas o amigo nunca lhe responde aos telefonemas. Certo dia, chega a saber que Miacho havia pedido para expor algumas alegadas preocupações à Administração Central da Fábrica PneusFenix, uma fábrica que se afirma a produtora dos pneus melhor adaptados às necessidades dos transportes modernos. Nesta expressão, ele explica que há problemas entre os vários membros de cabelo azul dos vários departamentos e que está cansado disso! Explica que o clima organizacional está pesado e que as pessoas não conseguem trabalhar em equipa.

A Administração Central, que até então jamais se havia manifestado, assustada por perder um de seus supostos valorosos funcionários convoca, por carta individual e vaga, todos os fenixianos de cabelo azul (o Eternum de cabelo preto azulado também). Na reunião, coloca-os contra a parede, e diz que a vossa administração não quer continuar a ver os confrontos que há entre os de cabelo azul, e quando os azuis perguntam quê confrontos?, a Administração (composta de fenixes de cabelo azul e vermelho) diz vocês sabem e, mais, se não mudarem de atitude alguns de vocês perderão o vosso emprego.

Ora, há falhas na história ou é só impressão minha?
Será que alguém me pode ajudar a encontrá-las?

  • Não deveria a Administração esclarecer os de cabelo azul?
  • Não deveria a Administração ouvir os de cabelo azul, antes de tecer opiniões?
  • Não deveria a Administração mostrar interesse e preocupação, antes de alertar?
  • E alertar antes de ameaçar?
  • Não deveria Miacho falar com Eternum?
  • Não deveria a Administração reunir-se com todos os funcionários ou deveria só escolher alguns funcionários, pela critério da cor de cabelo?
  • O que é que você faria se fosse um dos funcionários?
  • E o que você faria se fosse um dos 15 Administradores?
  • Passaria do silêncio à punição? Passaria da ausência à presença opressora? Ou com amor e real interesse orientaria?
  • O que você faria? É que eu sei, o que eu faria!

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sexta-feira, janeiro 25, 2008

2007 não nos larga...

Os blogs e sites não param de falar do ano que passou. Por mais que eu queira dizer que ele passou e lá ficou, para trás, não posso pois, afinal de contas, o passado nos faz sermos a humanidade que somos hoje.

Por isso, aqui vai algumas das sugestões de leituras:

Longe vão os tempos em que Nuremberga seria, inquestionavelmente, o julgamento do ano. A maioria dos interesse das pessoas, no Google vai para julgamentos polémicos e, alguns até, absurdos. Confirma os casos de Os dez processos judiciais de 2007. Quais serão os julgamentos mais importantes de 2008?

Muita gente morreu e muita, obviamente, não está nesta lista de mortes de 2007, aonde destaco Watzlawick e Varqa, duas pessoas cuja perda assisti de perto: um dos maiores génios dos tempos modernos e um dos mais nobres seres humanos de sempre, respectivamente.

A liberdade de imprensa em 2007 deixa tanta dor, como aquela que temo que 2008 deixe. Quando é que a coisa irá mudar?

As 25 histórias da ciência em 2007 são histórias de nos fazer sorrir pelas nobres e geniais capacidades humanas. Afinal de contas, somos seres humanos capazes de criar meios para levarmos avante uma civilização em contínuo progresso.

E, para finalizar, o deleite das estranhas imagens de 10 animais de 2007.

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quarta-feira, janeiro 23, 2008

Mais um que se vai, deixando-nos a fantasia de o que poderia ter sido...

Estou num computador difícil de operar, numa cidade perdida no vazio do mundo e recebo uma notícia que deixará o cinema vazio.

Lembro-me de o ter visto, pela primeira vez, como Sir Ulrich von Lichtenstein, como um jovem que tentava recomeçar a sua vida. Vi-o brilhantemente como Casanova e facinei-me com a sua atuação, fazendo de um dos dois irmãos Grimm.

Heath Ledger, dois anos e uma semana mais velho que eu, um dos mais proeminentes atores de minha geração foi encontrado morto, em seu apartamento. A autopsia é inconclusiva e eu não sei dizer porque ele morreu!

Não sei se foi uma morte justa ou injustificada, se ele seria responsável por ela ou não.
O único que sei é que a fugacidade da vida fez uma nova vítima: um ator que tocou muitos, apesar da sua ouca idade, pelos personagens que tão nobremente encarava.

A se comprovar a tese de overdose, só me restará torcer que as novas gerações olhem para ele, e aprendam que o vazio... pode estar na vida até daqueles que nós achamos que tem tudo. E que o sentido da vida está no amor, na obra e no sofrimento que aprendemos a lidar e não na fama e na fortuna...

Resta-me apenas orar para que o seu exemplo sirva para os mais jovens, Heath!

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terça-feira, janeiro 22, 2008

XV Prêmio Nacional de Direitos Humanos

Como se sabe, não há questão de Direitos Humanos que eu evite. E se há uma coisa que é digna de louvor, é quando as instituições cedem prémios a quem dedica a sua vida a isso.

Por isso, ao ver no blog da Comunidade Bahá'í do Brasil, a notícia, não pude deixar de passar, sem publicitá-la. Assim que eu souber os indiciados, tentarei retornar ao tema.

Estão abertas as inscrições para o XV Prêmio Nacional de Direitos Humanos cedido pelo Movimento Nacional de Direitos Humanos – MNDH. Serão premiadas as seguintes categorias:
Personalidades
Organizações
Ações e experiências

Para fazer a indicação é necessário enviar:
  • Nome do/a indicado/a e em que categoria concorre;
  • Curriculum Vitae ou descrição breve da ação/experiência ou da organização (se para as duas outras categorias), em no máximo cinco laudas;
  • Justificativa da indicação, em no máximo cinco laudas.
A data de encerramento é 20 de março de 2008 (data do recebimento) via correio para o endereço da Sede Nacional:
SEPN 506 Bl. C subsolo sala 34
Brasília-DF
CEP 70.740-503
ou pelo endereço eletrônico secretariamndh@gmail.com.

O regulamento completo estará disponível aqui.

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quinta-feira, janeiro 17, 2008

A escolha brasileira


Acabo de ler na Scientific American, um texto que opto por traduzir (alguns trechos), sem comentar.
Quem quiser fazê-lo, sinta-se à vontade!


Menos de um quarto de século desde que emergiu da ditadura militar, os brasileiros construíram uma estável e vibrante democracia com 80 milhões de votantes que livremente decidem o futuro de seu amado país em cada e todas as eleições. (...)

O Brasil teve que trabalhar arduamente durante a década passada para alcançar a sua presente estabilidade e prosperidade económicas. Contudo, nesta conjuntura de sua história, o país enfrenta uma desencorajadora tarefa de traduzir a sua estabilidade política e económica em políticas sociais e programas que possam incrementar, finalmente, a qualidade de vida de milhões de brasileiros que, até muito recentemente, não teriam tido esperança na enorme riqueza do país. Mas como se capacitam milhões de cidadãos, particularmente jovens, pare se tornarem verdadeiros participantes numa sociedade global que está continuamente em mudança num ritmo estonteante como resultado da interminável incorporação de novo conhecimento e tecnologia?

A resposta é direta: educação sistémica de alta-qualidade, disseminada para chegar à totalidade do território, incluindo as mais remotas e empobrecidas comunidades deste vasto país, para que todos brasileiros possam adquirir os meios para se tornaram pensadores criativos e críticos, capazes de desenvolver as suas próprias opiniões e se tornarem verdadeiros contribuintes na resolução de desafios envolvidos na construção de uma justa e democrática sociedade. (...)

Ao claramente escolher disseminar a educação de alta qualidade e a educação científica em particular através de todo o seu território, o Brasil está enviando a mensagem em voz alta aos seus cidadãos e à comunidade global que este gigante dos trópicos finalmente despertou e está agora pronto para cumprir o seu potencial como um verdadeiro país do futuro.

Para os brasileiros, um futuro brilhante começa agora.

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domingo, janeiro 13, 2008

Ainda o Dia dos Direitos Humanos...

Como muitos se recordarão, por ocasião do Dia dos Direitos Humanos participei da organização da campanha de blogagem Coletiva Um mundo, uma vida. Por isso mesmo, recebi o gentil convite de Gabriela Zago, estudante de jornalismo e blogger, para uma entrevista que daria origem à matéria em inglês publicada num jornal eletrónico internacional.

Gabriela: Como você teve a idéia de iniciar a campanha Um mundo, Uma vida? De onde vem a preocupação com os direitos humanos?
Sam: A minha preocupação pelos Direitos Humanos vem da minha infância. A minha religião é a Fé Bahá'í e fui educado com esse amor à Humanidade, à diferença e aos valores humanos. E, na minha infância, lembro de ter lido ou ouvido nalgum lado as palavras de Bahá'u'lláh (o Fundador da Fé Bahá'í) comparando a Humanidade ao corpo humano, perfeito em potencial mas afligido por doenças diversas. Ele admoestava as pessoas dizendo: "Sede como os dedos de uma só mão, os membros do mesmo corpo" e, desde então, essas palavras ficaram em minha mente. Entendo-as pensando que se tenho dor num braço, o equilíbrio de todo o corpo será alterado e o outro braço faz um esforço acrescido para manter o equilíbrio, como que ajudando o primeiro até que ele se recupere; e, por isso, será igual para o género humano! Com uma diferença: enquanto houver pessoas, mundo afora, que sofram por alguma forma de opressão, preconceito, ódio, genocídio ou qualquer outra dessas doenças que afligem o nosso mundo, não só é nossa função ajudá-los até que se reestabeleça esse equilíbrio, como deveria ser o nosso objetivo diário ajudar, de alguma forma, a que esse equilíbrio se reestabeleça.

Por que uma blogagem coletiva?
As blogagens coletivas existem, há pelo menos, um ano. Quando pela primeira vez ouvi falar do tema foi através do Lino Resende (outro blogger) e achei que isso só poderia ser a prova que a internet tem um impacto incomparável. Quando há cento e cinquenta anos atrás chumbo derretido era derramado garganta abaixo dos bábís, na Pérsia, ou há cinquenta anos atrás o nazismo começava a dizimar em câmaras de gás judeus, ciganos e pessoas rotuladas com "inútil", não havia Internet! Imagine o que teria acontecido se houvesse Internet e se houvesse blogs! Os povos do mundo teriam bradado pelos direitos dessas pessoas: o genocídio arménio na Turquia ou a morte de milhões de pessoas nos campos de concentração poderia ter sido impedido se uma pessoa tivesse anunciado em seu blog o que estava acontecendo. Imagine então a força que teriam cem pessoas juntas, em blogs de diversos países e em diversos idiomas. Imagine a força que essas pessoas juntas poderiam ter. Esses dedos da mesma mão, trabalhando juntos...

Quantas pessoas participaram da iniciativa, em quantos países? A campanha atingiu a repercussão esperada?
Eu decidi não criar expectativas, mas estabeleci uma visão, uma meta: o limite mínimo de cem pessoas. Confesso que houve momentos que achei difícil chegar lá, mas o Lino e outros bloggers iam me encorajando e a campanha, naturalmente, foi avançando, até ao próprio dia, no qual, de repente, houve uma explosão e mais umas quarenta ou cinquenta pessoas anunciaram presença. Entretanto, através de motores de busca fui descobrindo que havia pessoas que participaram, mas que, por algum motivo, não estavam inscritas. Ou seja, apesar do número oficial ter sido 101 blogs, de 12 países, e três idiomas, acredito que houve mais participantes que eu posso nem ter notado. É assim que a informação funciona: houve quem simplesmente participasse da campanha, sem saber que era uma "blogagem coletiva". Mas o importante é mesmo isso e, infelizmente, é só isso que se poderia fazer: aumentar o nível de consciência das pessoas. Se a campanha atingiu a repercussão esperada? Havia quem nunca tivesse lido a Declaração Universal dos Direitos Humanos, ou quem nunca tivesse pensado que direitos, deveres e oportunidades deveriam ser coadunados, ou quem nunca sequer ponderasse a necessidade de apoiar determinados grupos ou pessoas. Só o fato de se ter levantado a ponta do véu e ter feito algumas pessoas pensarem sobre algumas coisas já foi para além de tudo que eu pudesse esperar.

A campanha já foi realizada em algum outro ano, ou será realizada novamente este ano?
Não, é a primeira vez que o fizemos. A blogagem surgiu este ano, depois de muito pensar sobre a sua viabilidade. Eu sou aquilo que se pode chamar "verde" nos blogs. Tenho um amigo (Vítor Sousa) cujo blog conseguiu impulsionar a candidatura da pessoa que ficou em segundo lugar nas últimas eleições presidenciais portuguesas, mas eu, com um blog com pouco mais de um ano de vida, não poderia sequer esperar eleger uma caixa de cereais como a melhor da mercearia do lado (risos).
Mas, entretanto, notei a nobreza das pessoas no exemplo do Blog Action Day, organizado por um australiano com quem partilho uma visão bastante semelhante do mundo, vi que há temas que movem e motivam as pessoas, há temas que nos tocam a todos! No caso do Blog Action Day o tema era o ambiente, e no caso Um Mundo, Uma Vida eram os Direitos Humanos.
A experiência deste ano provou que as pessoas se interessam pelos seus Direitos. Por isso mesmo, pondero seriamente experimentar uma nova campanha neste novo ano. Em que moldes? Ainda não sei, mas muito provavelmente, se for o caso, será revisto.

Você acha que a blogosfera se preocupa o suficiente com a situação dos direitos humanos, ou ainda há muito o que fazer com relação à temática?
Dói-me saber que ainda há um longo caminho a seguir! Ainda não aprendemos a nos preocupar com o nosso irmão humano que é preso e torturado no Irã por ser bahá'í, morto na Somália, aquela nossa irmã injustiçada na Arábia e por aí em diante... Ainda não chegamos àquele ponto em que nos vemos como gotas do mesmo oceano...
Parece-me que a blogosfera -- e refiro-me apenas àquela que é dotada de uma real blogoconsciência -- é, como quase tudo, um mundo de modas: as pessoas querem seguir o rebanho e discutir a democracia na Venezuela, os erros cometidos no Iraque, a liberdade de imprensa na Rússia; mas quando o Egito, que é um dos responsáveis pela manutenção dos DH em sede das N.U., tem comportamentos miseráveis nesse campo, me pergunto: quantos blogs de língua portuguesa falam disso? Ou, quando houve a cimeira entre a União Europeia e a África, em Lisboa, e se debateu a polemizada vinda de Qadafi, quem se levantou para falar da situação na Somália? Falou-se do Darfur, o que já é um excelente passo, mas o Darfur é a segunda maior tragédia humana do nosso século e poucos de nós sabemos qual é a primeira! Fala-se do Paquistão agora, por causa das eleições e da morte de Bhutto, mas e antes? Fala-se agora no Burma, por causa das manifestações, mas e antes? Os povos dessas nações estão oprimidos há anos, mas só hoje as pessoas mostram interesse; aliás, nem sei se interesse ou curiosidade...
O que essa campanha pelos Direitos Humanos, através da internet e dos blogs, mostrou foi que há, algumas pessoas que se interessam. Pessoas que demonstram ter uma consciência para além das suas realidades pessoais, que pensam para além da política local, regional ou nacional, e que acreditam que a Terra é, deveras, um só país e que nós todos podemos ser cidadãos ativos e conscientes desse único país. Acredito que para além dessas cem pessoas, haja outras mais e que nós todos juntos, unidos na diferença, poderemos mudar o mundo. Passo a passo isso poderá acontecer, dentro e fora da Internet.

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sexta-feira, janeiro 11, 2008

A Bússola Dourada e a Fé de ouro

A Bússola Dourada (ou Bússola de Ouro) é um filme cheio de críticas sociais, estereótipos e arquétipos. Um filme que conjuga a doença humana com a esperança da salvação pelo nosso próprio esforço.

Supostamente, a história de Pullman ocorre num universo paralelo ao nosso, no qual as leis e os princípios da metafísica são diferentes. As almas não estão em nós (numa espécie de transcendência), mas estão ao nosso lado, literalmente, como a voz da consciência e o órgão de sentido, ajudando-nos a tomar as nossas decisões.

À alma dá-se o nome de demónio (como se poderia dar o nome de avatar, ou até arquétipo, totem ou qualquer outra coisa) e ela possui a forma de um animal. Parece-me que os demónios assumem a forma do animal que possui os nossos atributos: uma serpente se sou membro de um grupo secreto e traiçoeiro, um cão se sou um servo, um lobo se sou um guerreiro impetuoso, um macaco se sou cheio de truques, um coelho se sou astuto, ou mesmo um lince se aparento ser rápido e sábio. Há uma relação intrínseca entre os dois seres: um não existe sem o outro.

De facto, uma pessoa poderia concordar com o Vaticano quando diz que nesse mundo “esperança simplesmente não existe”. Cada um é o animal que é, e não há, aparentemente, mudança. Se hoje sou servo, serei sempre servo-cão. Se hoje sou guerreiro, serei sempre um lobo.

Mas, as coisas não são assim, tão lineares! Trata-se de um mundo onde o mais humano de entre nós se vê em cada ato e em cada decisão. Nada, nem a instituição dogmática pode impedir o progresso individual e a livre escolha por um caminho ou por outro.

É o filme que não nos afasta de Deus (como insiste a opinião oficial da Igreja Católica) mas que nos faz perceber o perigo que surge quando a fé se converte em dogma, e impede o progresso. A história nos alerta para a grande decisão que a humanidade tem que tomar: a religião sem a ciência ou a religião com a ciência? Qual é o caminho a seguir?

Nota: Também foi interessante notar que os estereótipos nacionais do filme (não sei se na obra escrita o mesmo ocorre). Por exemplo, as pessoas de sotaque inglês eram os nobres e intelectuais, o personagem mais astuta de todas era um estadunidense com sotaque do sul, e os agentes policiais não só se vestiam como as forças turcas, russas e arménias de há dois séculos, como pareciam falar um idioma semelhante ao russo.


Aqui podem encontrar mais fotografias
filme.

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terça-feira, janeiro 08, 2008

Feliz Aniversário Jean Charles de Menezes!

Um dos livros que mais me comoveu no ano passado foi Em Nome de Sua Majestade, um livro de Ivan Sant’Anna que descreve uma das mais trágicas consequências do terrorismo: as vítimas inocentes que resultam das mãos das forças de autoridade.

Como consequência dos 2 ataques terroristas de Julho de 2005, com a morte de 52 pessoas, morreu um jovem, nas mãos da incompetência de quem tinha por obrigação o proteger: Jean Charles de Menezes (J.C., por questões de espaço), o mesmo que faria ontem 30 anos de idade, foi morto a 22 de Julho, confundido com Hussein, um terrorista que já estava em Roma, enquanto a polícia o procurava em casa.

O livro relata alguns dos erros cometidos pela polícia:
  • Designaram um homem que “além de pouca experiência” “usava equipamento diferente do da polícia e se comunicava com uma linguagem em código desconhecida para observar o complexo onde residia o alegado terrorista Hussein.
  • Ao invés de memorizar o aspecto físico do terrorista e o reconhecer, quando o visse, a sua missão era tirar fotografias com o seu telefone móvel e enviá-las aos serviços centrais para verificação. Para poupar bateria, o telemóvel era ligado e desligado sistematicamente. Imagine-se o tempo dispendido e a qualidade do serviço diminuída!
  • Depois de 3 horas sozinho, o agente em causa precisou urinar e deixou o seu posto… Ocupado com as suas necessidades fisiológicas, não percebeu que o brasileiro passava por lá, mas viu um vulto e informou, no seu código, “U” (ou seja, não-identificado), sexo masculino, CI (branco), cinco pés e oito polegadas (1,75m), cabelos escuros, barba escanhoada, jaqueta jeans azul, calça jeans e ténis. E terminou dizendo “não posso confirmar se ele é ou não o suspeito”.
  • Ninguém percebeu os códigos e ninguém perguntou o que poderia significar. E, para não arriscar, 3 homens foram enviados para seguir o rapaz que nada tinha a ver com o assunto.
  • J.C. entrou no bus de 2 andares e sentou-se. Entretanto, desceu para apanhar o metropolitano na Estação de Brixton, com os 3 sempre à socapa. Infelizmente, a estação estava fechada justamente devido os ataques terroristas do dia anterior e foi correndo para não perder o transporte anterior e sair noutra estação de metro. Os agentes não se coibiram de interpretar que se só se poderia tratar de uma manobra de diversão e nem se lembraram que aquela estação estaria fechada…
  • Ele, finalmente, chega à outra estação onde tudo viria por ocorrer. Mas o autor do livro tem razão: “Já que supunham que o suspeito poderia ser um perigoso homem-bomba” os agentes que o seguiam “deveriam tê-lo agarrado antes que entrasse no prédio do metro e, por conseguinte, ainda no contexto dessa suposição falsa, pusesse muitas vidas em perigo”, vindo a descobrir “o engano cometido” e “tudo não teria passado de um incidente sem maiores conseqüências, do qual quase ninguém tomaria conhecimento”.
  • Jean Charles entrou na estação, pegou num exemplar do jornal Metro, passou pelas portinholas com o seu cartão, desceu com a escada rolante, parado do lado direito com o seu jornal “como fazem os passageiros que não estão com pressa”, entrou no tube que chegou, sentou-se numa das poltronas estofadas (se ele fosse um terrorista já teria, aqui, cumprido a missão!), um dos agentes “deu um bote, saltou por cima dos dois assentos que o separavam do suspeito. Suas mãos, como se fossem as garras de um alicate, prenderam os braços de Jean Charles, pelas costas, na altura dos rins” e mesmo assim a coisa não acabou aqui!
  • Foram dados 11 tiros de balas explosivas. Não só não o imobilizaram para o prender, como lhe deram mais tiros do que o necessário para o matar: continuaram atirando quando ele já tinha caído no chão do vagão!!! E, as balas usadas estão proibidas desde a Convenção de Haia.

Um homem inocente – diz Sant’Anna – fora morto por policiais à paisana. Sem receber voz de prisão. Sem nenhuma advertência. Sem esboçar um gesto de defesa. Sem saber por que faziam aquilo com ele.

Por mim, a história poderia acabar aqui (depois de umas três oportunidades de ele sair vivo)! Pedir-se-iam desculpas, puniam-se responsáveis, encontravam-se culpados, reformulava-se o sistema. Mas não…

Ian Blair (chefe da Polícia) disse publicamente que o homem executado era um terrorista ligado aos atentados da véspera, Ken Livingstone (mayor de Londres) designou o comportamento policial de “corajoso” e Charles Clarke (ministro do Interior) disse “estou contente”. A imprensa especulou que ele vestia demasiada roupa para o verão. A Imigração informava que o seu visto havia caducado. O relato oficial dizia que os agentes haviam dado ordens ao rapaz de parar antes de entrar na estação. Relataram que ele saltou as portas eletrónicas do metropolitano. Mesmo imobilizado ele conseguiu reagir e queria fugir.

Claro que as mentiras foram sendo reveladas. Celso Amorim (ministro brasileiro das Relações Exteriores) espantou todos quando disse que a situação de Jean Charles era totalmente legal! Neil Garret (produtor da ITN) emitiu o vídeo completo das filmagens do metropolitano de Londres que relatavam o que descrevi linhas acima. E, mais uma vez, as coisas poderiam ter acabado aqui, com as devidas pessoas responsabilizadas, já não apenas pela morte do rapaz, como pelas mentiras feitas públicas.

Mas, Lana Vanderberghe (a pessoa que tinha passado as informações à televisão), Louise McGing (namorada do produtor) e o próprio Garret foram presos, durante a madrugada, levados para um cubículo “sujo, gelado e fedido”, com videovigilância apontando para a sanita e um “cobertor infestado de piolhos” para aquecer. Um chá com açúcar foi a única refeição que ofereceram a Lana (diabética!) e Louise (grávida de três semanas) teve sorte em não perder o filho. E, mais uma vez, poderiam ter parado aqui! As autoridades superiores poderiam ter travado o processo e, exemplarmente, punindo os agentes que estavam ao ataque dessas pessoas.

Mas não! Cressida Dick (a supervisora de todo o processo, enquanto ocorria) foi promovida umas vezes! E em Novembro de 2006 um dos atiradores estava envolvido na morte de um suspeito de assalto a um banco.

A classe política não assumiu responsabilidades, a classe policial foi promovida e o único que a família consegue é uma singela vitória em tribunal num processo que acusa a falha da Polícia Metropolitanana condução de sua operação de investigação, vigilância, perseguição e detenção de um suspeito”, e o absurdo da legislação inglesa (além do absurdo político e policial que o caso denotou): “Com essa falha, Jean Charles de Menezes foi exposto a riscos a sua saúde e segurança” O rapaz foi morto e o sistema fala em riscos? Eu falo em assumir responsabilidades.

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sexta-feira, janeiro 04, 2008

Como se fosse ontem, quando chega amanhã?

Quando as pessoas dizem lembro-me como se fosse ontem, acho a expressão surreal, impossível de se concretizar: como é que eu me posso lembrar de algo que aconteceu há anos, como se fosse ontem, se eu mal me lembro do que aconteceu ontem? Não sei o que comi há três dias ou o que vi na televisão há quatro e nem me lembro de cenas do último filme que vi no cinema, mas lembro-me, como se fosse ontem, o ano de 1992 quando cheguei a Portugal.

Para começar, disseram-nos que após sair do Aeroporto, teríamos que apanhar uma camioneta para o sul do país. Ora, camioneta para mim eram aqueles transportes de animais?! Imaginava-me entre galinhas e cabritas, viajando um percurso de cerca de três centenas de quilómetros… E, para confirmar ainda mais o meu pensamento, imagine-se o susto que levei quando soube que a dita "camioneta" sairia de um tal de Campo de Cebolas. Meu Deus! Era essa a Europa que me prometiam os meus pais e as minhas fantasias de criança?

Não sabia eu que era só o início.

Cresci em recusa constante. Desenvolvi o meu gosto apurado por Tom Jobim e afirmando o meu grupo favorito como sendo os Barão Vermelho. Aprecio o trabalho de Salles e Meirelles e, como não poderia deixar de ser, não resisto a um bom rodízio gaúcho (ou pseudo-gaúcho!). Confundi-me todo naquela aula de história com um fraco D. Pedro I enamorado de uma D.ª Inês, quando sempre imaginei D. Pedro I quatrocentos anos mais novo, forte e viril. Aprendi que o Brasil aclamou independência de Portugal uma vez, mas que Portugal teve umas duas (ou três? afinal não sei!) independências de Espanha. E, ainda hoje recuso-me em dizer que o feminino de rapaz é rapariga!

Mas acabei por viver e crescer, meio calejado pelas artimanhas de um sistema de ensino constituído por uma geração de pessoas que salientavam as falhas para nos encorajar (?), e meio amadurecido pelo encorajamento das minhas professoras de alemão (Maria Adelina Godinho) e de biologia (Ana Freitas).

Vivi, cresci e aprendi muita coisa.

Não precisei de estudos científicos para ver a realidade do país. Sei, por observação natural e sistemática, que se trata de um povo mais caloroso que os nórdicos da Europa (é por isso que eles tanto gostam de cá vir), mas não tão caloroso como o Brasil ao qual estava habituado. São um povo dotado de amor para dar, mas que ainda não notou que o excesso de amor pode-se converter em ausência de desprendimento das próprias ideias e, por consequência, em raiva cega que impede ver determinadas realidades básicas. E, sim, acima de tudo, é o povo do qual retiro muitos amigos que levarei comigo, onde quer que vá, levando também o meu conhecimento académico, as minhas potencialidades e a minha forma de ser, que acaba por ser uma mescla clara e evidente entre a Europa, o Brasil e um pouco de Médio Oriente dentro de mim.

Mas é isso que levo de Portugal: potencialidades. Aprendi na escola que havia dois tipos de energia, as potenciais e as cinéticas. As primeiras dos objetos estáticos e a segunda dos objetos em movimento. Portugal é, sem dúvida, um país de energia, mas de energia potencial. A cinética converte-se em potencial e lá se mantém, tal como na última página do livro de Eça de Queiroz.

Veja-se a quantidade de portugueses que saem hoje, em busca não de algo melhor, mas na busca de um espaço seu, lá para fora. Na ciência, na política, na literatura. António Damásio nunca poderia ser um possível nobelizado em Portugal, Guterres e Barroso foram considerados, por muitos, dos piores governantes portugueses e Saramago decepcionou-se com o seu país indo viver para outro lado…

Quando é que tu, Portugal, senhor dos Oceanos e do passado terrestres, aspirante a V Império, darás ouvido ao futuro? Reformulo: Quando é que os teus líderes saberão investir na educação, na formação, na ciência, na tecnologia e na cultura? Ou melhor ainda:

Quando é que os senhores que teimam em não sair da cena da liderança política, económica, religiosa, educativa, científica e cultural darão espaço à próxima geração, para que tu possas sobreviver e não cair de vez?

A resposta, infelizmente, só pode ser uma: “logo se vê!

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quarta-feira, janeiro 02, 2008

O país da multiculturalidade e da multipossibilidade

Começa daqui a dois dias a grande corrida presidencial, no país em que talvez todos os cidadãos do mundo devessem votar: o Estados Unidos da América.

Sim “o” Estados Unidos, singular, porque é um só país. Há uns anos ninguém dizia “os Estados Unidos do Brasil” e hoje ninguém diz “os Estados Unidos do México”… Trata-se de uma única nação cujo sistema político, ímpar, pode ser o sistema político a ser adaptado numa possível federação Terra: cada membro do coletivo tem o seu peso, conforme a sua influência geo-economico-política. Um ser humano é um ser humano, mas um estado não pode ser comparado a outro, uma região não tem as mesmas especificidades que outra e, por isso, não se pode esperar que todas essas regiões sejam tratadas da mesma forma. O que a legislação eleitoral americana diz é simples: tratemos igual o que é igual, mas também sejamos justos e tratemos diferente o que é diferente.

E, é nessa diferença que encontramos um leque único de candidatos. Só nesta aceitação da diferença é que se poderia assentar a panóplia de candidatos às primárias, com a sua diversidade cultural, política e religiosa. Nesta corrida, (quase) tudo será possível!

Vejamos cada um dos lados.

  • John Edwards (54 anos) – O primeiro a anunciar intenção de candidatura é um democrata que sai do meio das terras do sul republicanos: é um pouco como ser cristão quando toda a família é judia. É assim, o senhor de uma imagem de progressista furioso.
  • Hillary Clinton (60 anos) – Ex-primeira dama traída pelo marido. Ex-primeira-dama extremamente popular. Esposa de um dos mais populares presidentes estadunidenses. Actual senadora extremamente popular, com suas intervenções no campo da saúde e da segurança social. Afinal, o que é que ela tem de especial? Tem tudo para ganhar, não tem? Até consegue ser a primeira mulher (logo à seguir à Geena Davies) a ter hipóteses de se imaginar na Casa Branca! (Com Bill Clinton na ala leste da Casa Branca a fazer de Primeiro-Cavalheiro).
  • Barack Obama (46 anos) – Inexperiente senador júnior que deu nas vistas quando Kerry/Edwards tentavam a vitória há cerca de 4 anos. Deu nas vistas, pelos mesmos motivos que dá nas vistas hoje: é negro mas não é descendente de escravos; é estadunidense filho de imigrante; e tem que correr para a campanha no senado a cada dois anos para garantir-se como o único negro lá e não tem qualquer forte experiência nacional, mas tem o carisma e o magnetismo de JFK. Um senador negro, ou melhor, um afro-americano à luta pela presidência (David Palmer ao menos era um conhecido congressista!).
  • Outros menos conhecidos são: Bill Richardson que poderia ser o primeiro hispano-americano a assumir a presidência, o que poderia ser uma vantagem para as negociações com os latino-americanos cada vez mais ressabiados (porque não repescá-lo para a vice-presidência?) e o primeiro a dizer que algo cheira mal quando se fala em Roswell; Dennis Kucinich o primeiro a assumir publicamente que teve contactos visuais com OVNIS (o que ainda por cima parece ter ocorrido na casa de Shirley MacLaine); Joe Biden seria o primeiro com implantes capilares e Chris Dodd o primeiro a dizer que os seus cabelos brancos provam que é o homem para o cargo (eu tenho um fio branco, seria apto a ser seu vice?); e há um Mike Gravel que poderia ser o primeiro presidente do EUA que se reformou no mesmo ano que eu nasci (não é a toa que nunca tinha ouvido falar dele: saiu da política em 1981 e agora quer ser Presidente! pode até ser o homem para o cargo, mas será que tem alguma hipótese popular?).

Do outro lado, o número de competidores aptos ao lugar são mais de três e por isso, organizo-os por idades.

  • Ron Paul (72 anos) – Membro da aeronáutica, batista, e médico ginecologista, portanto seria o primeiro presidente do EUA a dar a luz a mais de 4.000 crianças.
  • John McCain (71 anos) – Senhor de outra geração, seria o primeiro (e último talvez) prisioneiro de guerra do Vietname a chegar ao posto. É respeitado por todos, mas não tem tanto dinheiro que os demais; tem a maior carreira política e por isso talvez o menos adaptado aos tempos que correm (ou talvez o mais sábio, dependendo da perspectiva) e, como republicano típico (talvez o único qualquer coisa típico nessa corrida presidencial) apoiante acérrimo da guerra no Iraque (escusado será explicar essa desvantagem).
  • Fred Thompson (65 anos) – Tentativa de replay de Ronald Reagan, seria o ator, digo, o presidente mais alto da história da Casa Branca, com 1,98 metros. A sua vantagem está na altura e na voz robusta, mas a aparência sem um bom guionista não chega!
  • Rudy Giuliani (63 anos) – O super Mayor do 11 de Setembro que perde, por isso, o apoio dos bombeiros e policiais (mas será que a culpa foi dele ou dos que causaram a queda dos prédios?), sendo um conservador casado três vezes, moderno, progressista, mas preocupado com a segurança e o primeiro descendente de italianos com reais chances de chegar ao cimo da política estadunidense.
  • Mitt Romney (60 anos) – Não bebe cafeína (como poderá manter-se acordado para as grandes decisões?) pois seria o primeiro presidente do EUA a ser mórmon. A dificuldade de ser presidente do país e seguir os valores de sua fé são vistos nas aparentes mudanças de posição em temas polémicos (aborto, entre outros), mas consegue ser o que tem mais dinheiro e uma das melhores imagens desse período da campanha (não fosse o primeiro a ter aderido ao facebook!).
  • Duncan Hunter (59 anos) – faz jus ao seu nome: hunting down (caçando) os imigrantes ilegais (algumas de suas propostas são boas, mas isso de ser o hunter não é lá muito bom...).
  • Alan Keyes (57 anos) – é negro e republicano, o que, à primeira (à segunda e terceira vista) pode ser um problema na hora de ganhar votos, mas é inédito, como os demais!
  • Mike Huckabee (52 anos) – Consegue dividir o apoio da igreja Batista (tipicamente afro-americana) a Obama por um simples fato: é um ex-pastor batista. Moderado, bem-humorado e desconhecido.

Mas, depois disso, poderá alguém dizer que algum desses candidatos pode ser considerado clássico? Talvez Edwards ou McCain, mas e será que esses darão nas vistas por e com alguma vitória?

Vejamos o que os próximos meses têm para nos contar.

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