E assim termina 2006…
2006 foi o ano que me apresentou aos grandes criadores do cinema como Oliver Sacks e George Romero e, e fez-me encontrar esperança nas piores das circunstâncias em Cidade de Deus e O Jardineiro Fiel, de Fernando Meirelles, que nos permitem encontrar a beleza e a serenidade na corrupção e a paz na mesquinhez humana, sendo sereno sem ser monótono, triste sem ser piegas e realista sem tirar-nos a esperança!
Na televisão destaco Jack & Bobby, a história de como as decisões face os contra-tempos da vida nos podem permitir atingir o mais alto céu - transmitido pela RTP que teve corte de emissão num dos mais importantes episódios, sem retransmiti-lo a despeito de pedidos (alguém sabe como o Bobby morreu?, porque os meus impostos não me servem para demandar um bom serviço televisivo). A SIC e a Globo emitiram duas rainhas de audiências Alma Gémea - a luta infindável pelo amor eterno - e Sinhá Moça - a luta infindável pela igualdade entre os seres humanos.
2006 foi também o ano das mortes de Milosevic (sem certezas das circunstâncias), de Saddam (ainda sem certeza para a data), e de Pinochet (sem certeza de justiça) e do renascimento de Lula e Chavez, do sandinismo na Nicarágua, e da dupla vitória no México. Foi o ano que os governos do Irão e do Egipto voltaram a usar para pisar os bahá'ís, e o ano em que se puseram em causa os genocídios perpetrados na I Guerra Mundial e na II Guerra Mundial. O ano da guerra na Síria e em Israel, da queda dos republicanos estadunidenses, da alegada queda de Blair... Foi o ano da queda e da elevação!
Foi o ano que me permitiu ver a elevação dum sonho de antanho que era a Psicologia Actual - a primeira revista divulgativa de Psicologia em Portugal - e da minha Investigação final de Mestrado (com mudança de tema e dois meses para trabalhar o novo tema...). Três casais amigos se elevaram ao encontro derradeiro da entrega matrimonial e eu, agora, acrescento à minha lista de locais visitados o País Basco (Espanha/França) e Málaga (Espanha), tendo encontrado a Psicoterapia Positiva em Wiesbaden (Alemanha).
Mas o ano que está a despertar será um ano mais pleno, pois o somatório de seus numerais (2007) perfaz 9, o número completo e perfeito que abrange todos os números inferiores. Será em 2007 que reencontraremos o Sudão e o Chad e a Somália e a Etiópia nos cabeçalhos do mundo; veremos as constituições brasileira e venezuelana a caminho de alteração e a constituição europeia nalgum caminho; veremos se Yazdí continua com a sede de eliminar todo pós-islamismo; e se os ocidentais de segunda geração compreenderão que são resultado de uma belíssima transculturalidade... e se os nativos abrem os braços para o embelezamento de seus jardins monoculturais!
Quanto a mim... me verei, Deus queira, a trabalhar no que gosto e a fazer o que quero; a ver no cinema Os Transformers, O Homem Aranha 3 e A Teia de Carlota – desenhos animados que tanto me marcaram na infância – ao mesmo tempo que verei grandes obras como Freedom Writers, East of Eden e Next.
Verei um e cada filme que me transmita pessoas entre dois mundos: o mundo que sempre consideraram real, correcto e justo e o mundo que é de facto o real, incorrecto, injusto e hipócrita - e as decisões que terão que tomar entre uma e outra realidade... Verei nos telejornais a que custo se salvarão vidas na Europa e na América... Se será ao custo da brisa de jardineiros de vidas que não sabem a quem ser fiéis? A que custo se termina uma guerra na África ou na Ásia, ou que se perde nelas uma vida ou se renasce na própria vida? Estas são as perguntas que quero ver respondidas em 2007.
Este será o ano que me deixarei levar pela vida, em todas as suas dimensões e valências. 2007 será o ano que lerei ainda mais e escreverei ainda mais.
Miguel Garrido, director do meu mestrado, costumava dizer, em aula, que de nada serviam os cursos universitários e os títulos académicos se não lessemos 10 livros por ano. Eu fui para além disso: em 2006 terminei a leitura de vinte livros (outros tantos acompanhar-me-ão para terminarem em 2007). Foram três os géneros e três os autores que me maracaram este ano e que, mui provavelmente, marcar-me-ão em 2007: a mística pragmática de 'Abdu'l-Bahá em Palestras em Londres, o humanismo psicológico de Viktor Frankl em Voluntad de Sentido e o humanismo pragmático de Orhan Pamuk na sua Cidadela Branca. Do prémio Nobel Pamuk destaco a seguinte passagem, com a qual quero desejar um 2007 pleno de sentido a todos vocês:
E vocês: quais foram as escolhas que fizeram em 2006, e como querem assumi-las em 2007?
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